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segunda-feira, 1 de março de 2010

Hoje, depois de muuuuuuuitos dias sem escrever neste espaço, volto com uma mensagem linda que recebi do meu amigo Valter. Pra variar, ele sempre manda coisas maravilhosas... Boa semana para todos nós!





É IMPOSSÍVEL SER FELIZ SOZINHO?


Pense nos melhores momentos da sua vida: você estava
sozinho ou acompanhado?

Alimentar muita expectativa é o caminho mais curto
para a frustração. Mais uma vez a máxima se confirmou:
fui assistir a Amor sem Escalas, o badalado filme do
mesmo diretor do excelente Juno, e não fiquei
impactada como se prenunciava. Achei bom, apenas. Tem
alguns diálogos espertos e uma inversão de papéis
inusual (no que se refere a relações entre homens e
mulheres), mas, apesar do frescor que Jaison Reitman
imprime a seus filmes, desta vez ele por pouco não
escorregou pro sentimentalismo barato. Dentro do mesmo
tema - é possível ser feliz sozinho? - prefiro Estrela
Solitária, de Wim Wenders, que tratou sobre o
isolamento do ser humano com muito mais poesia e beleza.

Ainda assim, uma frase me marcou. "Pense nos melhores
momentos da sua vida: você estava sozinho ou acompanhado?".

Pode não ser comum, mas há pessoas que não têm nenhuma
vocação para constituir família, e nem por isso merecem
a cadeira elétrica. Eles simplesmente preferem estar em
movimento, não ter amarras, e essa liberdade cobra um
preço que, se costuma ser alto para a maioria, para
outros pode ser uma dívida fácil de quitar.

Eu bem que gosto de ficar sozinha. Já tive ótimos momentos
comigo mesma dentro de um trem, em frente ao mar, lendo um
livro. Mas reconheço que os momentos sublimes, aqueles
eleitos como inesquecíveis, aconteceram quando eu estava
"avec". Reconhecer isso não faz eu desprezar a solidão,
mas me impede de adotá-la como estilo de vida permanente.

Sozinha eu posso ser mais livre, mas não sou desafiada.
Compartilhar a vida com alguém exige participação: a gente
é impelido a se manifestar, a traduzir em gestos e palavras
o que estamos sentindo, e isso engrandece o momento, cria
vínculo, avaliza o que está sendo vivido, confere magia ao
instante, credibiliza aquilo que está nos deixando
emocionado.

Não precisa ser um momento repartido apenas com seu grande
amor: pode ser também com os pais, com um irmão, um amigo,
até mesmo com desconhecidos. Quando se olha nos olhos dos
outros e se compreende o que se está passando, a sintonia
se dá, mesmo silenciosa. Lembrei de Scarlett Johansson
sozinha num bar de hotel em Tóquio, percebendo o também
solitário Bill Murray tomando seu uísque, em Encontros e
Desencontros. A secreta comunicação do olhar entre ambos
dava sentido ao que não havia sentido algum.

Pode acontecer entre dois, e também pode acontecer entre
muitos. Um estádio de futebol lotado, com a massa gritando
pelo mesmo time. Um show vibrante, todos cantando a mesma
letra. Imagine se o espetáculo fosse exclusivo pra você:
que graça teria?

Estando sozinhos, a sensação interna sobre o que está sendo
vivido é quase triste, mesmo que não seja.

Juntos, até o que não parece alegre, fica.



Martha Medeiros

(21/02/2010 – Revista do Jornal O Globo)

Um comentário:

  1. Érica,
    Meu nome é Fabíola, trabalho na Escola Municipal Oswaldo Lima Filho, no Pina. Estamos organizando um evento na escola para o mês de abril(dias 20, 22 e 23):o Concerto de Leitura. Gostaria de saber se você poderia participar enquanto cordelista. Recebemos sua indicação através da professora Ana Caroline. Nosso telefone é 33553829. Meu e-mail é 21fabiola@gmail.com. Aguardo seu retorno!

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